segunda-feira, 3 de junho de 2013

Como foi a primeira passagem do Pet pelo Flamengo







Pet chegou ao Flamengo  no início de 2000. O Mengão  aproveitou o bom dinheiro recebido com prêmio da Copa Mercosul de 1999, recém-conquistada. Seu reforço foi anunciado inclusive em meio à carreata nas comemorações deste título, pelo então presidente flamenguista Edmundo dos Santos Silva, chegando por 7 milhões de dólares. O dirigente, com a injeção financeira fruto da parceria com a ISL, também fez promessas que iam desde a modernização administrativa do clube até a construção de um shopping center e um estádio para 40 mil pessoas. Embora reconhecido pela torcida como um bom jogador, sua vinda, de início, não empolgou tanto, pois na época esperou-se que o clube também pudesse contratar astros como Freddy Rincón, Clarence Seedorf, Ronaldo e Gabriel Batistuta; Mas, além do iugoslavo, vieram apenas Mozart, Catê e Lúcio.

O Estadual foi vencido pela segunda vez seguida sobre o Vasco da Gama, com os rubro-negros conseguindo recuperar-se de goleada de 1 x 5 imposta pelos arquirrivais, que haviam contratado a estrela Romário após o Baixinho ter sido dispensado pelo Flamengo por indisciplina em meio ao título na Mercosul. O Flamengo venceu os 2 jogos da final, goleando por 3x0 e ganhando por 2x1, mas sem grande contribuição do europeu: ele não entendia cobrança e assédio que julgava excessivos para cima dos jogadores. O grande protagonista do Flamengo naquela ocasião era Athirson, e o iugoslavo, ainda mal-adaptado e contestado, veria a conquista do banco de reservas.

Posteriormente, através da ISL, os flamenguistas reuniram um esquadrão, contratando também Gamarra, Alex, Edílson e Denílson. Porém, apenas Petković e Edílson vingariam, não o suficiente para classificar a equipe entre os oito finalistas da Copa João Havelange, como foi chamada a edição do ano de 2000 do Campeonato Brasileiro. Ironicamente, o sérvio e o baiano desentenderiam-se no elenco. A fase do time contrastava com a do iugoslavo: naquele segundo semestre, ele conseguiu se destacar individualmente, sendo considerado na estatística da Bola de Prata em dezembro, antes do mata-mata, um dos melhores meias da competição, ao lado de Roger. Novamente, perderia a premiação para jogadores beneficiados pelo acréscimo concedido aos de times classificados: os vascaínos e campeões Juninho Paulista e Juninho Pernambucano. O Flamengo, por sua vez, não deixou de se classificar à toa: os rubro-negros chegaram a sofrer uma série de cinco derrotas seguidas, o que não ocorria havia mais de cinquenta anos. Uma das boas atuações de "Pet" vieram justamente contra o arquirrival, derrotado em outubro por 0x4 com dois gols dele.

No primeiro semestre de 2001, após um fraco Torneio Rio-São Paulo do Flamengo, Petković viveu uma das melhores fases de sua carreira. Conquistou dois títulos estaduais e um nacional. Destacou-se especialmente por suas ótimas cobranças de faltas, sendo que duas foram decisivas em finais daquele ano contra o Vasco da Gama (Campeonato Carioca) e São Paulo (Copa dos Campeões). A cobrança de falta que deu ao Flamengo o título do Campeonato Carioca de 2001 contra o Vasco é lembrada até hoje, e o jogo é tido como um dos mais emocionantes na história do clássico; o rival cruzmaltino, vice-campeão nos dois Estaduais anteriores para o Flamengo embora em ambas as decisões tivesse ido às finais com a vantagem de dois resultados similares, finalmente levava o título estadual mesmo com a parcial derrota por 1 x 2, até Petković - que já havia feito cruzamento preciso justamente para o desafeto Edílson marcar de cabeça o segundo gol - acertar a cobrança aos 43 minutos do segundo tempo. O título flamenguista era dado como improvável: até aquele dia, o time havia vencido o arquirrival por dois gols de diferença em apenas 15 dos 95 clássicos disputados pelos vinte anos anteriores.42 Petković já havia marcado na primeira partida da decisão, vencida de virada pelo Vasco com dois gols nos últimos treze minutos de jogo, o que havia feito o próprio sérvio deixar o gramado aos prantos, na ocasião.

Na final contra o São Paulo na Copa dos Campeões, seu gol de falta acabou sendo determinante, alterando o placar em 2x1 para o Flamengo. Embora os são-paulinos depois virassem para 2 x 3, o resultado deu o título aos rubronegros (que na partida anterior haviam vencido por 5 x 3), que finalmente voltavam à Taça Libertadores depois de dez anos. O próprio goleiro adversário, Rogério Ceni, também célebre cobrador de faltas, já em 2000 considerava o "gringo", que no ano anterior marcara sete vezes de falta, um dos melhores nesta especialidade. No coração da massa rubro-negra, Petković virou "Pet". Com tantos momentos marcantes, incluindo ainda um em que a torcida cantou-lhe parabéns em partida realizada no dia de seu aniversário, o sérvio finalmente passou a considerar o Brasil sua segunda casa.

Seu grande momento naquele primeiro semestre abriu portas para outros jogadores de origem iugoslava no Brasil. Željko Tadić, ex-colega de Radnički agenciado por ele e com quem futuramente jogaria no Vasco da Gama, veio para o XV de Piracicaba, tendo posteriormente passado também por Londrina, Bragantino e Uberaba antes de tornar-se cruzmaltino; Miodrag Anđelković, que ficou conhecido como "Andjel", veio para o Fluminense e, no ano seguinte, iria para o Coritiba, assim como Nikola Damjanac (conhecido no Brasil pelo primeiro nome), que não chegou a atuar no Coxa. Ainda em 2001, Dejan Osmanović "sucedeu" Pet no Vitória e, no Botafogo, jogou Vladimir Petković. Este, com o temor de ser confundido com o xará mais famoso, pediu para ser chamado de "Vlad". Em misto de curiosidade e ironia, em 2001 também chegou a ser veiculada pelo Botafogo não a contratação de Vlad, mas sim a do mesmo Dušan Petković chamado para a Copa de 2006. O único de fato indicado pelo flamenguista, todavia, teria sido o amigo Tadić.

O segundo semestre vinha promissor. O Flamengo recebera o reforço de Vampeta para o meio-de-campo e o time era considerado, no papel, o melhor do país e o favorito para o título do Campeonato Brasileiro.47 Mas a expectativa formada não se confirmou, com o time realizando um péssimo Brasileirão, brigando contra o rebaixamento (os rubro-negros ficaram apenas uma posição acima dos quatro rebaixados). Petković, que marcara 14 tentos em 23 partidas da Copa João Havelange, fez apenas 4 gols em 21 jogos no campeonato de 2001. Afetado por três meses de salários atrasados, chegou a ajuizar ação contra o clube para obter seu passe na véspera do segundo jogo da semifinal da Copa Mercosul de 2001, fora de casa, contra o Grêmio, dias antes também da partida decisiva contra o Palmeiras que poderia livrar a instituição do rebaixamento. A Mercosul, paralelamente, era justamente um torneio em que o time vinha bem, e a premiação era vista de grande ajuda para as receitas do clube. A crise desfez-se momentaneamente após aquela semana, com o risco do rebaixamento afastado e classificação para a final, o que daria chance para que o Flamengo encerrasse o ano como o maior campeão do país, somando a conquista internacional às estadual e nacional do primeiro semestre.

Porém, no início de 2002, ambiente voltou a ficar ruim na Gávea, com a perda da Copa Mercosul nos pênaltis para o San Lorenzo (a decisão seria em dezembro de 2001, mas a partida na Argentina teve de ser adiada para janeiro em razão dos tumultos populares gerados pela crise econômica que assolava o país); e, posteriormente, com a decepcionante campanha na Libertadores, onde o Flamengo foi eliminado na primeira fase, ficando em último em seu grupo. O time também ficou longe das fases finais do Torneio Rio-São Paulo e do Campeonato Carioca de 2002.



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